segunda-feira, 20 de setembro de 2010

.Vamos falar de Berenice(s)


Uma é professora de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e autora do livro A (re) invenção do corpo. Coordena o Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Diversidade Sexual, Gêneros e Direitos Humanos e mais nove programas de pesquisa e extensão. Estou falando da Profª Drª Berenice Bento. Com vasta produção bibliográfica, é leitura fundamental na construção da identidade da mulher na contemporaneidade. Ver artigo: A cerveja e o assassinato do feminino http://violenciamulher.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=541&catid=1:artigos-assinados&Itemid=5

Ela levanta questões como O que é o gênero? Como ele se articula com o corpo? Existe um nível pré-discursivo, compreendido como pré-social, fora das relações de poder-saber? O gênero seria os discursos
formulados a partir de uma realidade corpórea, marcada pela diferença? O gênero seria a formulação cultural dessas diferenças? Existe sexo sem gênero? Como separar a parte do corpo que não foi construída desde sempre por expectativas e suposições do corpo original que não está maculado pela cultura? Onde está a origem?
Uma é professora de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e autora do livro A (re) invenção do corpo. Coordena o Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Diversidade Sexual, Gêneros e Direitos Humanos e mais nove programas de pesquisa e extensão. Estou falando da Profª Drª Berenice Bento. Com vasta produção bibliográfica, é leitura fundamental na construção da identidade da mulher na contemporaneidade. Ver artigo: A cerveja e o assassinato do feminino http://violenciamulher.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=541&catid=1:artigos-assinados&Itemid=5


Ela levanta questões como O que é o gênero? Como ele se articula com o corpo? Existe um nível pré-discursivo, compreendido como pré-social, fora das relações de poder-saber? O gênero seria os discursos
formulados a partir de uma realidade corpórea, marcada pela diferença? O gênero seria a formulação cultural dessas diferenças? Existe sexo sem gênero? Como separar a parte do corpo que não foi construída desde sempre por expectativas e suposições do corpo original que não está maculado pela cultura? Onde está a origem?


Tive o prazer de ouvi-la esta semana, durante sua apresentação no Stonewall 40 + mais o que no Brasil?, O projeto do evento foi um dos vencedores da primeira edição do edital Cultura LGBT, da Secretaria de Cultura do governo do Estado da Bahia. O objetivo das mesas redondas é o de realizar um balanço dos estudos acadêmicos relacionados com a temática LGBT, o movimento LGBT e as políticas públicas e identitárias desenvolvidas no Brasil após o marco da revolta de Stonewall. Reúne em Salvador pesquisadores e ativistas de diversos estados do país, reconhecidos por sua trajetória de estudos e de militância relacionadas à temática LGBT, a exemplo de Júlio Assis Simões (USP), Edward MacRae (UFBA), Richard Miskolci (UFSCar), Berenice Bento (UFRN), Luiz Mott (GGB), Fernando Seffner (UFRGS) e Deco Ribeiro (Escola Jovem LGBT/Campinas). Ao longo dos três dias do evento, eles discutirão temas como os estudos e movimentos LGBT no Brasil pós-Stonewall, marcadores sociais da diferença (raça, gênero, classe, idade), direitos sobre o corpo e a saúde e desafios políticos atuais.


O que foi Stonewall?
The Stonewall Inn – Na segunda metade da década de 60, o bar nova-iorquino The Stonewall Inn se consolidou como um espaço de homossociabilidade, sendo freqüentado por gays, lésbicas e travestis. Assim como outros clubes gays da época, o local era foco de constantes batidas policiais sob qualquer pretexto. Mas, na madrugada de 28 de junho de 1969, pela primeira vez, as pessoas presentes no bar se rebelaram contra a repressão do Estado. Foram quatro dias de conflito com a polícia que resultaram não somente em diversos manifestantes agredidos e presos, mas no surgimento de um marco para a luta por direitos LGBT em todo o mundo. O bar ainda existe e quem visitar Manhattan pode dar uma passadinha na Cristopher Street e conferir, ele fica cercado de grifes e glamour pois este já foi o endereço de diversas celebrities.

A outra é Maria Berenice Dias, desembargadora e fundadora do Instituto Brasileiro de Direito de Família , fazendo valer legalmente os relacionamentos baseados em homoafetividade. Maria Berenice Dias também é reconhecida internacionalmente por suas posturas progressistas em relação aos direitos da mulher na sociedade. Ela fundou o JusMulher, o Jornal Mulher, o Disque Violência, entre outros projetos mais que vieram a marcar e continuam a influenciar profundamente a sociedade brasileira moderna. Seu nome está ligado à elaboração da Lei Maria da Penha, aos projetos de divórcio direto, de paternidade presumida e do Estatuto das Famílias. Desde os anos 1980, quando ajudou a cravar na Constituição a igualdade entre homens e mulheres, esta desembargadora é sinônimo de conquistas femininas. A primeira batalha de Maria Berenice Dias, 62 anos, foi para se tornar juíza. Nos anos 1970, mulheres não podiam disputar o posto no seu estado, o Rio Grande do Sul. Ela foi para a imprensa, fez um barulho danado e o concurso foi aberto às profissionais do direito. Berenice passou em todas as etapas, na final teve de se submeter a uma rançosa entrevista em que lhe perguntaram se era virgem; o que faria caso se apaixonasse por um subordinado; e como julgaria crimes sexuais.
(IBDFAM), entidade que veio a transformar o entendimento tradicional de o que é uma
Vestiu a toga como a primeira juíza do estado. Também invadiu o reduto masculino do Tribunal de Justiça em 1996, como desembargadora. Os colegas a recepcionaram dizendo que ali não existia banheiro feminino e que, com sua presença, não podiam mais contar piadas de mulheres. Quando se trata de vitórias femininas das últimas décadas, pode apostar na existência de um dedinho dessa gaúcha, que passou por cinco casamentos e é mãe de César, veterinário; Suzana, psicóloga; e Denise, que aspira à magistratura. Berenice atuou em duas frentes: interpretava as leis enxergando nelas o direito que a mulher não tinha e, dessa forma, criava jurisprudência – termo que indica o conjunto de decisões dos tribunais superiores que se tornam modelo para julgamentos futuros. Merecem ou não merecem nossos aplausos?