terça-feira, 15 de junho de 2010

. Eu não ligo pra Copa!

Não tem outro assunto este mês que não seja a Copa do Mundo, vuvuzelas, a Seleção de Dunga, secar os argentinos, impedimento, pênalti, bla-bla-bla? Eu não dou a menor importância para isto e gostaria muito de ter este direito respeitado, mas todo mundo insiste em me olhar como se fosse uma aberração nacional. Patriotismo vai muito além de a cada 4 anos se paramentar de verde e amarelo e ficar gritando que nem um desequilibrado a cada lance durante 90 minutos. Ser patriota é fazer algo de bom pelo seu país, e esta indústria do futebol não contribui com um centavo pra educação, segurança e saúde por exemplo.

Liberdade de consciência é poder agir de acordo com aquilo que se acredita, é vedada a qualquer pessoa constranger os homens a procederem em desacordo com o seu modo de pensar, fazê-los hipócritas. A liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização e do progresso, então, se eu cidadã brasileira quiser torcer para Argentina, Coréia ou não torcer para time nenhum é um direito que me cabe. E como ser ateu, já chega de dizer que a pessoa vai arder no fogo do inferno, não acredita e pronto não tem que ficar fazendo discurso politicamente correto para ser aceito.

Além do mais, isto me dá a sensação do antigo Pão e Circo, oferecido à sociedade para mascarar suas verdadeiras mazelas, enquanto acontece a Copa [e os dias de suspensão de trabalho] não significa que a fome, a miséria, a violência a desigualdade social também estão suspensas e que vão mudar de categoria de acordo com o resultado. Se fosse assim, o Brasil todo deveria ter serviços 5 estrelas. Não é isto que tanto ostentamos? Troco cada uma delas por saúde, educação, segurança, transporte e empregos. Sim, empregos pra que muitas pessoas tenham o direito de faltar a um nos dias dos jogos.

O Circo está aí, mas cadê o Pão?

Com ou sem vuvuzelas eu estou pouco me lixando para isto e para 2014 também aproveitando o ensejo. Quem não liga a mínima pra Copa diga: Eu!

Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa;
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

(Manoel Bandeira)

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. É tudo verdade...Verdade verdadeira mesmo, para ser enfática, com ose deve ser nesse assunto. Mas a paixão é assim mesmo e este esporte (Futebol), para nós Brasileiros, por motivos vários, mexe com muitos sentimentos e é difícil não amá-lo ou até mesmo ignorá-lo.

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